Introdução
A Maçonaria é uma instituição cercada por mistérios e simbolismos que remontam a tempos antigos. Dentre seus graus e ensinamentos, o Grau 14, também conhecido como Grande Eleito e Perfeito Maçom, carrega consigo uma lenda rica em significados esotéricos e morais. Através dessa lenda, os maçons são conduzidos a uma profunda reflexão sobre a natureza da Verdade, da Sabedoria e do poder do Santo Nome de Deus. Neste artigo, exploraremos detalhadamente a lenda do Grau 14, sua moral, significado e a relevância histórica no contexto da Maçonaria.
A Lenda do Grau 14: Origens e Significados
De acordo com Rizzardo da Camino, a lenda do Grau 14 remonta ao tempo em que Jubulum, Joabert e Stolkin descobriram o Santo Nome gravado no Nono Arco, sob o Santuário do Templo erguido por Enoque no monte Haceldema, próximo ao monte Sião. Essa descoberta foi levada ao conhecimento do rei Salomão, que, em reconhecimento ao feito, criou para esses três maçons o Grau de Grande Eleito e Perfeito Maçom. Desde então, apenas os candidatos mais dignos foram admitidos a esse grau, preservando sua pureza e importância.
Após a dedicação do Templo, muitos desses maçons se dispersaram pelo mundo. Entretanto, a multiplicação dos maçons nos graus inferiores, devido à menor seleção, levou à degeneração da Maçonaria, com profanos tendo acesso aos sinais, toques e palavras que deveriam ser exclusivos dos iniciados. Essa degeneração trouxe disputas e dissensões, com novos ensinamentos substituindo a antiga doutrina.
Somente os Perfeitos Maçons, guardiões fiéis da Palavra Sagrada, conseguiram manter a pureza dos ensinamentos. Eles formaram uma fraternidade baseada em união, paz e caridade, comprometendo-se a preservar os mistérios e a revelar os segredos apenas aos que fossem dignos de conhecê-los. Salomão, ao investir os primeiros maçons nesse grau, fez-lhes prometer que sempre praticariam a sabedoria, justiça e equidade, punindo severamente qualquer traição.
Quando Jerusalém foi destruída por Nabuzaradan, os Grandes Eleitos foram os últimos defensores do Templo. Eles destruíram a Palavra Misteriosa que havia sido preservada por 470 anos, enterrando-a em um buraco de 27 pés de profundidade. A partir de então, o Nome Inefável nunca mais foi escrito nem pronunciado, sendo apenas soletrado, letra por letra, pelos Perfeitos e Sublimes Maçons.
A Moral e o Significado da Lenda
João Anatalino, em suas análises, sugere que essa alegoria reflete o momento histórico em que o grau foi criado, por volta do século XVIII. Nesse período, a Maçonaria enfrentava divisões resultantes de controvérsias e conflitos de ordem ritualística, doutrinária e política. A Maçonaria inglesa, anglicana e protestante, tentava unificar a instituição sob os princípios do Iluminismo, enquanto a Maçonaria francesa e alemã, de raízes jacobitas e católicas, opunha-se a essa unificação, baseando-se em um apelo emocional ao passado esotérico e à tradição templária.
Essa dualidade de correntes maçônicas, com objetivos distintos, resultou na criação do Rito Escocês, unificando essas tendências na América do Norte. O anacronismo presente na lenda do Grau 14, atribuindo elementos do século XVIII a tempos antigos, reflete a intenção dos irmãos de transmitir uma mensagem clara sobre as divisões e conflitos internos na Maçonaria daquela época.
A lenda do Grau 14 também destaca a importância de manter a Maçonaria como uma filosofia esotérica, acessível apenas aos iniciados que demonstraram mérito. A Palavra Perdida, tratada como segredo, deve ser guardada com extremo cuidado e transmitida apenas aos que realmente merecem. Essa preocupação com a preservação do segredo remonta à tradição bíblica, onde o Nome de Deus era considerado tão sagrado que sua pronúncia em vão era proibida.
O Poder do Conhecimento e a Liberdade Espiritual
O conhecimento do Santo Nome de Deus, segundo a lenda, confere poder e sabedoria àqueles que o detêm. Essa ideia está intimamente ligada ao ensinamento bíblico de que a verdade liberta. Na Maçonaria, o pecado é entendido como os vícios e defeitos morais que escravizam o homem, e a busca pela Palavra Perdida é uma jornada de libertação espiritual.
Durante a elevação ao 14º grau, o iniciado imola suas paixões no altar dos sacrifícios, simbolizando a purificação da materialidade e a consagração de sua vida à fraternidade e ao conhecimento esotérico. Ao encontrar a Palavra Perdida, o maçom se torna digno de portar a fita do Mestre Secreto com o Nome Inefável, alcançando assim a liberdade espiritual e o verdadeiro conhecimento.
A Jornada do Espírito Humano
A lenda do Grau 14 pode ser vista como uma metáfora da jornada do espírito humano em busca do conhecimento supremo. O Verbo Fundamental, a Palavra Perdida, é o princípio criador de todas as coisas, e alcançá-lo significa libertar-se da ignorância e dos vícios que aprisionam a alma. Conhecendo a Verdade, o maçom adora o Único e Verdadeiro Deus, compreendendo que a existência tem um sentido, uma finalidade e uma significância.
Conclusão
A Lenda do Grau 14 é uma rica alegoria que carrega ensinamentos profundos sobre a natureza do conhecimento, da verdade e da busca espiritual. Dentro do contexto maçônico, essa lenda serve como um lembrete da importância de preservar os mistérios e segredos da Ordem, transmitindo-os apenas aos iniciados que se mostram dignos. Através da busca pela Palavra Perdida, o maçom encontra não apenas o conhecimento esotérico, mas também a libertação espiritual e a compreensão do divino. Assim, a Maçonaria, através de seus rituais e ensinamentos, continua a guiar seus adeptos em uma jornada de autoconhecimento, sabedoria e elevação espiritual.
Autor: Luis Genaro Ladereche Figoli, 33º
Referências:
- Rizzardo da Camino. O Grau 14 e suas implicações esotéricas.
- João Anatalino. Reflexões sobre a lenda do Grau 14.
- Bíblia Sagrada, Livro do Êxodo.
FAQ sobre a Lenda do Grau 14 na Maçonaria
1. O que é o Grau 14 na Maçonaria?
O Grau 14, também conhecido como Grande Eleito e Perfeito Maçom, faz parte do Rito Escocês Antigo e Aceito. É um grau avançado que aborda temas esotéricos e espirituais, centrados na busca pela Palavra Perdida e na preservação dos mistérios sagrados.
2. Qual é a lenda associada ao Grau 14?
A lenda relata a descoberta do Santo Nome de Deus, gravado no Nono Arco sob o Santuário do Templo de Salomão. Esse nome foi revelado a três maçons, Jubulum, Joabert e Stolkin, que levaram a notícia ao rei Salomão. Em reconhecimento, Salomão criou o Grau de Grande Eleito e Perfeito Maçom, prometendo preservar esse segredo e transmiti-lo apenas aos dignos.
3. Qual é o significado da Palavra Perdida na lenda?
A Palavra Perdida representa o conhecimento supremo e o poder divino associado ao Santo Nome de Deus. Na lenda, esse nome é destruído e enterrado para evitar que caia em mãos indignas, e a busca por essa palavra simboliza a jornada espiritual do maçom em busca da verdade e da sabedoria.
4. Por que a lenda enfatiza a preservação dos segredos maçônicos?
A lenda reflete a preocupação histórica da Maçonaria em manter seus ensinamentos esotéricos e rituais ocultos, acessíveis apenas aos iniciados que demonstram mérito. A preservação dos segredos é vista como essencial para manter a pureza e a integridade da Ordem.
5. Como a lenda do Grau 14 se relaciona com a história da Maçonaria?
A lenda do Grau 14 reflete as divisões e conflitos que surgiram na Maçonaria durante o século XVIII, especialmente entre as tradições anglicanas, protestantes e católicas. Essas tensões contribuíram para a criação do Rito Escocês, que unificou diferentes correntes maçônicas na América do Norte.
6. O que simboliza a destruição da Palavra Misteriosa na lenda?
A destruição da Palavra Misteriosa simboliza o sacrifício necessário para proteger os segredos divinos de profanações. Isso também representa o fim de uma era de conhecimento sagrado, passando o legado aos maçons que preservam a tradição.
7. Qual é a importância do Nome Inefável na Maçonaria?
O Nome Inefável é considerado sagrado e poderoso, e o seu conhecimento confere ao maçom uma conexão direta com o divino. Na tradição maçônica, esse nome é associado à verdade suprema e à libertação espiritual.
8. Como a lenda do Grau 14 se aplica à vida do maçom?
A lenda serve como um guia para a jornada espiritual do maçom, incentivando-o a buscar a verdade, superar seus vícios e elevar sua alma. O Grau 14 enfatiza a importância da fraternidade, da caridade e da preservação dos segredos sagrados como parte do crescimento moral e espiritual.
9. Qual é a relevância contemporânea da lenda do Grau 14?
Embora a lenda seja antiga, seus ensinamentos sobre a busca pelo conhecimento, a preservação da verdade e a importância da fraternidade continuam a ressoar na vida moderna. A lenda oferece uma reflexão sobre os desafios de manter a integridade e a pureza em um mundo em constante mudança.
10. Quem pode alcançar o Grau 14 na Maçonaria?
Somente aqueles que demonstram mérito, dedicação e compreensão dos princípios maçônicos são considerados dignos de alcançar o Grau 14. Esse grau é reservado para maçons que estão prontos para aprofundar seu conhecimento esotérico e espiritual dentro da Ordem.