AS QUATRO VIRTUDES CARDEAIS NA VISÃO MAÇÔNICA

A origem histórica das Virtudes Cardeais remonta a Platão (427 a.C.–347 a.C.) em seu livro República. Ao descrever as qualidades necessárias para uma cidade, ele identificou quatro virtudes essenciais que deveriam ser cultivadas:

  • SABEDORIA OU PRUDÊNCIA
  • FORTALEZA OU CORAGEM
  • TEMPERANÇA
  • JUSTIÇA

Essas virtudes foram posteriormente denominadas Virtudes Cardeais, ou seja, princípios fundamentais em torno dos quais todas as demais virtudes devem girar.

Origem e Significado das Virtudes Cardeais

Platão desenvolveu inicialmente essas virtudes como atributos da cidade, antes de associá-las à conduta individual, considerando que as atitudes de uma cidade e de um cidadão não deveriam diferir. Em essência, virtudes são hábitos constantes que conduzem o homem ao bem.

Na iconografia maçônica, as Virtudes Cardeais são frequentemente representadas por figuras femininas, simbolizando os princípios essenciais que sustentam todas as outras virtudes. O termo “Cardeal” vem de “cardo”, que significa “dobradiça” – algo que serve de eixo para todas as demais virtudes.

Maçonaria e as Virtudes Cardeais

A Maçonaria não é a fonte original dessas virtudes, que têm raízes na filosofia grega dos tempos de Sócrates, Platão e Aristóteles. Até pelo menos 1750, os manuscritos maçônicos não faziam menção às Virtudes Cardeais, mas elas foram incorporadas aos valores maçônicos por sua importância intrínseca na prática da vida. Nos rituais maçônicos, essas virtudes podem aparecer sem vínculo direto com a iniciação ou simbolismo maçônico.

As Virtudes Cardeais são enunciadas e compreendidas da seguinte forma:

  1. SABEDORIA OU PRUDÊNCIA
    Esta virtude reside na parte racional da alma, sendo o conhecimento justo da razão. Ela nos guia, ensinando a regular nossas vidas e ações conforme a razão, permitindo-nos julgar sabiamente as repercussões de nossos atos.
    A Sabedoria ou Prudência é essencial para cada maçom, orientando sua conduta tanto na Loja quanto no mundo profano. Em sentido amplo, ela implica cautela e a capacidade de prever as consequências de nossos atos, conectando mente e alma, de onde surgem o pensamento e o discernimento.
  2. FORTALEZA OU CORAGEM
    Para o maçom, esta virtude confere a força para suportar dor, perigo ou risco, sendo mais do que coragem física: ela inclui a coragem moral. Fortaleza é a capacidade de tomar decisões baseadas em convicções de moralidade e agir conforme elas, mantendo os princípios de decência e ética, mesmo frente à adversidade social.
  3. TEMPERANÇA
    A Temperança modera nossos desejos e paixões, permitindo que o corpo seja governado e a mente, libertada das tentações do vício. Para os maçons, praticar a Temperança significa evitar excessos e manter um comportamento moderado, refletindo uma vida equilibrada e parcimoniosa.
  4. JUSTIÇA
    Justiça é o padrão do que é correto, o alicerce que rege nossas ações para dar a cada um o devido valor, sem distinção. Esta virtude é consistente com as leis divinas e humanas, sendo o fundamento da sociedade civil e um valor essencial para o verdadeiro homem. Para o maçom, a Justiça representa igualdade, exercida não por imposição, mas por convicção.

Reflexão sobre as Virtudes

Todas as Virtudes possuem um mérito inestimável, representando progresso no caminho do bem. Virtude é a resistência voluntária às tendências que desviam o homem do seu melhor caminho. A grandeza da virtude reside no sacrifício do interesse pessoal em favor do próximo, sem segundas intenções.

Por mais que lutemos contra os vícios, não os erradicaremos enquanto não atacarmos suas raízes. Que o Grande Arquiteto do Universo, Deus, nos ilumine para praticarmos com retidão o que nosso ritual nos ensina:

“DEVEMOS EDIFICAR TEMPLOS ÀS VIRTUDES E CAVAR MASMORRAS AOS VÍCIOS.”

Autor: José de Sá M∴M∴

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