As Velas na Maçonaria: Simbolismo e Significado Ritual

As velas são elementos essenciais nos rituais maçônicos, representando um elo entre o físico e o espiritual, entre o sagrado e o profano. Muito mais do que uma simples fonte de luz, as velas têm profundos significados esotéricos, especialmente quando acesas nos altares e espaços sagrados das Lojas. Este artigo explora o simbolismo das velas na Maçonaria, com base em uma análise feita pelo Irmão Manuel Pinto dos Santos na Revista Grêmio Lusitano, que abordou com profundidade a função e o simbolismo das velas dentro do templo maçônico.

O Simbolismo do Acender das Velas: “Dar a Luz” ao Templo

Na Maçonaria, o ato de acender as velas não é apenas ritualístico; ele tem um profundo significado simbólico, transformando o espaço físico da Loja em um verdadeiro Templo. Segundo Pinto dos Santos, o acender das velas representa o “dar Luz” ao Templo, convertendo-o em um espaço sagrado. Em sua visão, a vela é o instrumento através do qual a Loja se torna um local de elevação espiritual, e essa prática ritualística possui diferentes nuances, dependendo dos Ritos e das escolhas filosóficas da Loja.

O acender das velas é uma prática carregada de dignidade e espiritualidade. Para os maçons, é essencial que cada irmão sinta esse momento, o qual, segundo Pinto dos Santos, deve ser um instante de conexão profunda, tanto individual quanto coletiva. Assim, a iluminação da Loja com velas carrega um simbolismo que vai além do próprio ambiente, refletindo uma luz espiritual que guia e inspira todos os obreiros presentes.

O Desapagar das Velas: Transformação e Continuidade da Luz

O ato de apagar as velas também possui um simbolismo significativo. Pinto dos Santos sugere que apagar uma vela com um apagador, em vez de assoprá-la, mantém o respeito pela chama sagrada. Assoprar a vela é considerado uma profanação, pois o sopro humano representa uma tentativa de desintegrar a luz com o próprio espírito, extinguindo-a abruptamente. Quando apagada com um apagador, a vela entra em um estado de reintegração ao universo, onde sua luz continua de maneira simbólica.

No momento em que as velas são apagadas, alguns rituais recomendam que o Mestre de Cerimônias pronuncie: “Venerável Mestre, a luz por agora se extinguiu no Templo, mas ela continua acesa nos nossos corações para nos guiar nas trevas do mundo profano.” Este rito fortalece a ideia de que a luz adquirida no Templo é interiorizada pelos irmãos, iluminando seus caminhos mesmo fora das reuniões.

A Chama e o Elemento Fogo nos Rituais de Purificação

A chama da vela também possui uma função de purificação na Maçonaria. Pinto dos Santos menciona a prova do fogo, uma das etapas que simbolicamente purifica o iniciado ao grau de Aprendiz. Ao acender as velas no Templo, acredita-se que a luz “purifica” os corações dos irmãos presentes, simbolizando uma forma de elevação espiritual.

Ao trabalhar com a chama, o maçom também lida com os três elementos do “Triângulo do Fogo”: combustível, comburente e calor. Esses três aspectos representam a essência do fogo e seu papel como agente de transformação, aquecimento e iluminação no contexto maçônico. Este triângulo simboliza o equilíbrio necessário para que o fogo exista, um reflexo das harmonias e equilíbrios que os maçons buscam em seus próprios caminhos espirituais e éticos.

Ignis Natura Renovatur Integram

O lema “Ignis Natura Renovatur Integram”, que significa “O fogo renova toda a natureza”, reforça a ideia de que o fogo – e, portanto, a luz das velas – possui uma qualidade regeneradora. A chama renova e transforma, representando o ciclo perpétuo de renovação que os maçons buscam. No ambiente ritualístico, as velas tornam-se um canal de energia espiritual e moral, simbolizando a luz interna que se mantém viva mesmo diante das adversidades.

Conclusão

As velas na Maçonaria são muito mais do que simples instrumentos de iluminação; elas são portadoras de um simbolismo profundo que transcende o mundo físico. Através do acender e do apagar ritualístico das velas, os maçons são convidados a refletir sobre a luz como símbolo da verdade, da purificação e da espiritualidade. Esses atos, quando realizados com reverência, transformam o ambiente da Loja em um verdadeiro espaço sagrado, onde a Luz ilumina o caminho dos obreiros e se perpetua em seus corações, mesmo após o término dos trabalhos.

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