O Painel do Companheiro Maçom: Simbologia e Interpretação segundo a 1ª e 2ª Instrução

A história do grau de Companheiro Maçom remonta ao ano de 1648, quando Elias Ashmole, destacado membro da Ordem Rosa-Cruz, instituiu o grau de Companheiro. Curiosamente, esse grau antecede o próprio grau de Aprendiz, o que mostra sua importância no desenvolvimento da Maçonaria. Contudo, com o passar dos anos, o grau de Companheiro foi sendo modificado, embora as suas características principais tenham se mantido.

A filosofia do Segundo Grau é voltada para a orientação da “juventude, ao bem-estar humano, através de um honrado trabalho, sem descurar da ciência e da Virtude.” A Maçonaria, portanto, cultiva as virtudes necessárias ao desenvolvimento da vida, acreditando que todos os seres humanos possuem um “feixe” completo de virtudes. Essas virtudes, oriundas da formação genética, não são criadas pela Maçonaria, mas são trabalhadas e desenvolvidas dentro do iniciado.

O objetivo final da Maçonaria é contribuir para o progresso moral da humanidade, incentivando os bons costumes e o amor ao próximo. Assim, o Companheiro Maçom, desde cedo, é levado a preocupar-se com o bem-estar de seus semelhantes, compreendendo que o progresso da humanidade está ligado ao bem-estar social e à evolução científica. Estes fatores, por sua vez, promovem o amor fraternal entre os povos, a felicidade do ser humano e o respeito harmonioso para com o Criador.

As Três Idades do Maçom

Dentro da Maçonaria, o Aprendiz é comparado a uma “criança”, que, sob a orientação da instituição, cresce em todos os sentidos, até atingir a “juventude” do grau de Companheiro. O grau de Companheiro, por sua vez, representa a juventude do maçom, um estágio em que ele se prepara para alcançar a maturidade, que é simbolizada pelo mestrado.

Formar a “personalidade” retirando as virtudes de “dentro” e orientando para a vida é o que se entende por “companheirismo” na Maçonaria. O trabalho do Companheiro consiste no esforço, no comportamento e na dedicação, sob a orientação da Loja. No entanto, as condições para que o trabalho se concretize dependem do esforço individual do Companheiro.

A ciência, no contexto maçônico, é entendida como o conhecimento filosófico, o que implica instruir o intelecto para burilar as pedras que serão usadas na construção do Templo interior de cada maçom. Ao longo de sua jornada no grau de Companheiro, o maçom atinge sua virilidade, capacitando-se para viver dentro de sua comunidade fraternal e, posteriormente, na sociedade civil. O aprendizado das ciências humanas constitui um caminho seguro em direção ao aperfeiçoamento, e o Companheiro, que se esforça para alcançar o mestrado, está no caminho certo para atingir a plenitude da vida.

A Evolução do Companheirismo

Originalmente, quando a Maçonaria não era uma instituição organizada, o estágio de aprendizado durava três anos, e o de companheirismo, cinco anos. Esse acréscimo de dois anos justificava-se pela necessidade de o artesão dominar o manuseio dos instrumentos. Curiosamente, entre o mestrado e uma próxima etapa, deveria haver um período de transição. Qual seria essa próxima etapa: a de arquiteto ou a de artífice?

Na história sagrada, a construção do Grande Templo de Salomão não esclarece essa parte. Hiram Abif, o artífice de Tiro enviado pelo rei Hiram do Líbano, desempenhou um papel fundamental no acabamento das partes interiores do Templo, sendo responsável pelo embelezamento de todo o templo. Esse personagem misterioso, filho de Ur e fundidor de metais, entendia de “todas as artes” e foi o responsável pela construção de todos os utensílios do Templo, como candelabros, Mar de Bronze, bacias, entre outros. Portanto, os “seguidores” desse artífice passaram a se dedicar à parte “interior” do Templo Humano.

Para que o Grande Templo fosse concluído e consagrado em uma grandiosa festa, houve um período de transição. A “arte de construir” correspondia à parte de alvenaria, e os maçons da Idade Média dedicaram-se a construir o que era de “pedra e cal”, deixando a parte interna de ornamentação para mãos mais delicadas. O trabalho quase anônimo de Hiram Abif, que as Escrituras Sagradas não revelam o fim dos trabalhos, pode ser comparado ao trabalho dos Companheiros. Esse trabalho silencioso e minucioso reflete mais a parte espiritual que a material.

O Companheiro, na Loja, desempenha um papel ativo, executando tudo o que foi aprendido como Aprendiz. Ele busca a companhia, assimilando-se aos aprendizes e aproximando-se dos mestres. Não pode distanciar-se dos aprendizes, pois já foi um deles, e ainda não pode infiltrar-se no mestrado, pois ainda não chegou lá. Encontra-se, portanto, numa posição de “transição”, que significa transpor alguma coisa.

A Filosofia do Segundo Grau e o Significado do Painel do Companheiro

O Segundo Grau, consagrado à juventude, tem um significado especial, mostrando o candidato como um artífice na metade do caminho. Ao avançar pela Loja, saindo do oeste e indo para o leste, ele chega ao centro desta, a meio caminho entre o Primeiro Vigilante e o Venerável Mestre. No centro do pavimento de mosaico, encontra-se uma estrela de cinco pontas, com a letra “G” colocada no centro, indicando que o número cinco tem uma associação importante com o grau.

A filosofia do Segundo Grau envolve as ciências humanas e as artes, sendo um conhecimento preparatório para a plenitude da vida. Trata-se de um grau que se aprofunda no misticismo, estabelecendo um contato mais íntimo entre a parte exterior e interior do homem. Com perfeita concentração, aquele que dedica toda a sua força do pensamento ao mundo interno pode alcançar os planos da vida espiritual e atingir a iluminação.

O trabalho do Segundo Grau é puramente filosófico, envolvendo uma profunda autoanálise psicológica e a experiência de fenômenos incomuns, na medida em que as faculdades psíquicas da alma começam a se revelar e a percepção da Verdade abstrata. Este trabalho está além do horizonte mental e da capacidade do maçom moderno comum, embora, nos mistérios da antiguidade, a disciplina mental fosse uma característica singular que produzia os gigantes da filosofia grega.

O ritual afirma que os antigos irmãos deste grau se reuniam junto ao Pórtico do Templo de Salomão, o que simboliza que a Filosofia Natural é o pórtico para a realização da Sabedoria Divina. O estudo do homem conduz ao conhecimento de Deus, revelando ao homem a divindade máxima que existe na base da natureza humana. Platão chamava este estudo de Geometria, que envolve a mensuração da terra, a investigação, a sondagem e a determinação dos limites, das proporções e das potencialidades do organismo pessoal em seus aspectos físicos e psíquicos.

A Simbologia dos Painéis do Companheiro Maçom

Dentro do grau de Companheiro, encontramos três painéis principais: o Painel Simbólico, o Painel da Loja e o Detalhe do Painel. Cada um desses painéis tem uma função específica na instrução do Companheiro Maçom.

  1. Painel Simbólico ou Misto: Este painel reúne todos os emblemas usados nos graus de Aprendiz e Companheiro, como jóias fixas e móveis, colunas, instrumentos de trabalho, entre outros. Ele oferece uma visão ampla dos elementos simbólicos que permeiam o grau de Companheiro, conectando-os ao aprendizado anterior e preparando o maçom para o próximo estágio.
  2. Painel da Loja: Este painel representa o Templo de Salomão, com suas colunas vestibulares, escada em caracol, diferentes níveis (andares ou câmaras), além de outros emblemas e ornamentos que são decifrados ao longo das instruções. É um mapa simbólico que guia o Companheiro em sua jornada dentro do Templo, ajudando-o a compreender o espaço que ocupa e a direção que deve seguir.
  3. Detalhe do Painel: Este painel oferece um “close” na escada de caracol representada no Painel da Loja, dando ênfase aos degraus que a compõem (3, 5 e 7). Estes degraus simbolizam as Três Luzes, os Cinco Sentidos humanos e as Sete Artes ou Ciências da antiguidade que servem de base para o misticismo deste grau. Além disso, o Detalhe do Painel destaca as Cinco Colunas, cada uma representando uma das Cinco Ordens de Arquitetura, que serão analisadas posteriormente.

A História dos Painéis Maçônicos

Há 262 anos, de acordo com fontes históricas confiáveis, foi impresso pela primeira vez um Painel Maçônico em livros do Abade Gabriel Luiz Calabre Perau (1700-1767). Este painel, conhecido como Painel Misto (Aprendiz-Companheiro), reunia símbolos e ferramentas tanto do grau de Aprendiz quanto do grau de Companheiro. A estrutura dos painéis maçônicos foi mantida ao longo dos anos, servindo como uma constante para os maçons que se reúnem em lojas ao redor do mundo. O Painel Misto original é considerado uma peça histórica e rara, que representa a continuidade e a tradição maçônica.

Conclusão

O Companheiro Maçom, em sua jornada, encontra no Painel um guia simbólico e instrutivo, que o orienta em seu caminho de autoconhecimento e aperfeiçoamento. Cada elemento do painel tem um significado profundo e está diretamente ligado ao progresso moral e espiritual do maçom, preparando-o para o próximo passo em sua jornada, o mestrado. Assim, o Painel do Companheiro não é apenas uma representação visual, mas um verdadeiro mapa filosófico e esotérico, que resume a sabedoria acumulada ao longo dos séculos dentro da Maçonaria.

FAQ – Grau de Companheiro Maçom


1. O que é o grau de Companheiro Maçom?
O grau de Companheiro Maçom é o segundo grau da Maçonaria, seguindo o grau de Aprendiz. Representa a “juventude” do maçom e é um estágio em que o iniciado aprofunda seu conhecimento filosófico, científico e espiritual, preparando-se para alcançar a maturidade maçônica, que é o mestrado.


2. Qual é o significado do grau de Companheiro na Maçonaria?
O grau de Companheiro simboliza a fase de crescimento e desenvolvimento intelectual e espiritual do maçom. É um período de transição onde o Companheiro é incentivado a aplicar os conhecimentos adquiridos como Aprendiz e a se preparar para as responsabilidades do mestrado.


3. Quais são os principais símbolos do grau de Companheiro?
Os símbolos principais incluem o Esquadro, o Nível, a Alavanca, a Régua de 24 polegadas, e a Estrela de Cinco Pontas com a letra “G” no centro. Cada um desses símbolos tem um significado profundo relacionado ao trabalho, à virtude e ao progresso espiritual.


4. O que é o Painel do Companheiro Maçom?
O Painel do Companheiro Maçom é uma representação visual que reúne símbolos e emblemas do grau de Companheiro. Ele serve como uma ferramenta instrutiva para ajudar o maçom a compreender os ensinamentos do grau e a aplicar esses conhecimentos em sua jornada maçônica.


5. Qual é a importância das Três Colunas (Sabedoria, Força e Beleza) no grau de Companheiro?
As Três Colunas representam os princípios fundamentais da Maçonaria. No grau de Companheiro, elas simbolizam o equilíbrio entre a sabedoria adquirida, a força para perseverar e a beleza do trabalho bem executado, que são essenciais para o progresso maçônico.


6. O que representam os degraus da escada em caracol no Painel do Companheiro?
Os degraus da escada em caracol (3, 5 e 7) representam as etapas do conhecimento e progresso espiritual. Eles simbolizam as Três Luzes (Venerável Mestre e os Vigilantes), os Cinco Sentidos humanos, e as Sete Artes Liberais (Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia).


7. Qual é o papel do Companheiro Maçom dentro da Loja?
O Companheiro Maçom tem um papel ativo na Loja, aplicando os conhecimentos adquiridos como Aprendiz e participando de atividades que contribuem para seu aperfeiçoamento e para o bom funcionamento da Loja. Ele é um intermediário entre os Aprendizes e os Mestres, assumindo responsabilidades que o preparam para o mestrado.


8. Como o Companheiro se prepara para alcançar o mestrado?
O Companheiro se prepara para o mestrado através do estudo contínuo, da prática das virtudes maçônicas, e da aplicação dos ensinamentos filosóficos e científicos em sua vida. O trabalho no grau de Companheiro é essencial para a maturidade maçônica, e o progresso é alcançado pelo esforço individual e dedicação à Ordem.


9. Qual é a relação entre a ciência e o grau de Companheiro?
No grau de Companheiro, a ciência é entendida como o conhecimento filosófico e esotérico que orienta o maçom no aperfeiçoamento de sua mente e espírito. O estudo das ciências humanas e das artes é uma preparação para a plenitude da vida maçônica e espiritual.


10. Como o grau de Companheiro contribui para o desenvolvimento moral e espiritual do maçom?
O grau de Companheiro contribui para o desenvolvimento moral e espiritual ao incentivar o maçom a aplicar os princípios da Maçonaria em sua vida cotidiana. Ele aprofunda seu conhecimento sobre a natureza humana e o universo, preparando-se para contribuir de maneira mais significativa para o bem-estar da sociedade e o progresso moral da humanidade.

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