Na vastidão dos rituais maçônicos, o Grau de Mestre brilha como uma jóia polida, carregando consigo uma história enigmática que ecoa através dos corredores do tempo. A lenda desdobrada deste ritual mergulha profundamente na mitologia e na tradição, revelando camadas de significado que desafiam a compreensão superficial. No cerne desta narrativa está Hiran Abiff, uma figura cujo sacrifício e simbolismo transcendem as fronteiras do tempo e do espaço.
Segundo a lenda, após a descoberta do corpo de Hiran Abiff, enterrado pelos companheiros assassinos numa cova rasa no Monte Líbano, Salomão, o lendário rei de Israel, ordenou que seu cadáver fosse trazido a Jerusalém para as devidas exéquias. Este evento não foi apenas um ato de honra aos que partiram, mas uma cerimônia que ecoa os princípios mais profundos da tradição maçônica.
Hiran Abiff não é apenas uma figura histórica, mas um arquétipo, um símbolo do sacrifício e da necessidade de um herói disposto a se doar por uma causa maior. Na simbologia maçônica, ele é o construtor do Templo de Deus, representando o próprio cosmo e o demiurgo que molda o universo.
A tradição maçônica vê o mundo como um edifício cósmico, onde as leis naturais formam o alicerce e as leis morais e éticas constituem o arcabouço social. O Templo de Jerusalém, nesse contexto, torna-se o símbolo máximo desse universo em construção, refletindo a busca incessante pela harmonia entre o espírito e a matéria.
No entanto, esse processo de construção não é isento de sacrifício. Desde tempos imemoriais, o sacrifício tem sido um elemento essencial em diversas culturas e civilizações. O mito do “sacrificado” permeia a história da humanidade, representando a oferta necessária para obter o favor divino e a conclusão bem-sucedida das grandes empreitadas humanas.
Na tradição maçônica, Hiran Abiff é esse “sacrificado” da fundação, cujo sacrifício simbólico continua a ser uma parte vital da jornada iniciática. A liturgia do Grau de Mestre não apenas homenageia esse sacrifício, mas também preserva tradições históricas ancestrais, que enfatizam a importância dos rituais e da fidelidade aos princípios estabelecidos.
Ao completar a jornada iniciática e ascender ao Grau de Mestre, o maçom alcança um nível de compreensão mais profundo, simbolizando a elevação do caráter profano para um estado de perfeição simbólica. Este não é um estado de arrogância, mas sim de humildade e compromisso com os princípios que regem a Ordem.
Assim, a jornada do maçom é uma busca constante pela perfeição simbólica, uma jornada que transcende o tempo e o espaço, refletindo os princípios eternos que guiam a humanidade em sua busca pela verdade e pela harmonia universal. Através do mito de Hiran Abiff e do Templo de Jerusalém, a Maçonaria traça um caminho de autoconhecimento e transformação, revelando os mistérios mais profundos do universo e do espírito humano.