Para o Aprendiz Maçom, há certos termos e sinais, uns mais utilizados e outros menos, que, apesar de serem ritualisticamente repetidos em todas as sessões, permanecem difíceis de entender em seus significados e na essência espiritual. Isso ocorre por talvez o acanhamento, ou por ser a Maçonaria um mundo novo e cheio de mistérios que se está começando a explorar. É comum ficarmos receosos em pedir explicações em loja sobre a essência dessas palavras que aqui vou denominar de “dádivas maçônicas”, pois agora, espiritualmente, após certo tempo de estudos, começo a compreendê-las melhor. Não tanto quanto o necessário, mas o suficiente para formar uma lógica inicial.
Ocultismo e Espiritualidade
Antes de falar sobre o tema, é importante usar duas visões para entender o ritualismo: a do ocultismo, que traz consigo o misticismo, e a da espiritualidade. Somente com a união desses valores podemos entender e interpretar, ou seja, decifrar os símbolos, sinais, palavras e também os toques. No nível de consciência mundano, nada se alcança verdadeiramente. Enquanto o homem não compreender que, no campo do intelecto e do raciocínio concreto, não lhe é possível sair deste nível, todo esforço será inútil, e o “espiritualismo” continuará sendo uma fantasia sem resultado prático.
Dentro desse nível de consciência, só haverá confusões e desilusões. Por isso, é necessário observar e estudar também pela ótica do misticismo, buscando o oculto e o esotérico. Com essa união e com mente e coração abertos para recepcionar novos ensinamentos, podemos começar a elevar nossos conhecimentos e nossas mentes, sem descartar a lógica.
Estar a Coberto
Na parte litúrgica, “estar a coberto” significa assegurar a discrição e dar proteção aos irmãos. Esse é o dever primordial do 1º Vigilante: verificar se o templo está coberto e se todos os presentes são maçons, o que é concretizado com o fechamento da porta interna, zelosamente guardada pelo Guarda do Templo. No aspecto esotérico, essa cobertura representa o abrigo do Grande Arquiteto do Universo.
É importante que o maçom, ao entrar no templo, deixe os problemas do mundo profano para trás e se cubra com uma “auréola espiritual”, a fim de criar um ambiente propício ao desenvolvimento místico dos trabalhos. O maçom crê que, no templo, há a magia do ritual e a presença do Grande Arquiteto do Universo.
Pelo Sinal
A frase “pelo sinal” é utilizada pelo Venerável Mestre duas vezes em uma sessão maçônica: no início e ao término da sessão. Ela é acompanhada das frases “pela bateria” e “pela aclamação”. Esse sinal, conhecido como sinal gutural, segundo Jules Boucher em “A Simbólica Maçônica”, representa o comprometimento do maçom em não revelar os segredos que lhe foram confiados.
Ao realizar o sinal, o maçom adota uma postura que simboliza o esquadro – uma das ferramentas do maçom. Além disso, o gesto forma um triângulo, representando a perfeição, e completa a trilogia simbólica do grau.
Pela Bateria
A bateria é um som de percussão, produzido pelas palmas das mãos, malhetes ou lâminas das espadas. Esse som elimina pensamentos negativos e cria uma proteção espiritual, afastando influências profanas e aliviando tensões.
A bateria é utilizada para limpar o ambiente de vibrações negativas, permitindo que o templo se torne um espaço sagrado e harmonioso para os trabalhos. É essencial que seja executada com plena consciência de sua importância, já que cada irmão que participa contribui para essa limpeza espiritual.
Pela Aclamação
A aclamação é feita com a palavra “Huzzé”, que tem origem hebraica e significa força e vigor. Ela é realizada após o sinal gutural, formando um importante momento na liturgia maçônica. Esse grito de aclamação ajuda a liberar o maçom de agonias, ansiedades e medos, possibilitando que ele participe dos trabalhos com tranquilidade.
É na etapa de Aprendiz que o maçom começa a desenvolver o gosto pela cultura maçônica e a transmutar essa moral no tão desejado espírito maçônico. A aclamação, com sua palavra poderosa, representa um símbolo de purificação e afirmação da união fraternal.